O DELÍRIO E A LUCIDEZ NA ESCRITURA

é possível que sobriedade em literatura não signifique dizer muito fazendo uso de poucas palavras, o que é também uma virtude, espartana, diga-se de passagem, mas dizer o necessário, o imprescindível, o que não pode ser esquecido jamais de ser dito. embriagar-se dessa lucidez é, sem rodeios, um grande desafio para quem escreve no intuito de que sua escritura alcance o nível de arte literária. a palavra certa, no lugar certo, proporciona clareza e propriedade na definição de objeto, fato, situação, personalidade e objetividade na expressão da frase, condicionando o período e todo o texto a uma concisa beleza deslumbrante. abaixo o desespero pela quantidade. pois o que está em jogo aqui não é ela e sim a qualidade. se acontecer será conseqüência natural. não se pode esquecer que em sua viagem imaginativa, o escritor precisa de portos e aeroportos seguros aonde possa ancorar ou aterrissar e destilar o combustível dos ensinamentos experimentados. assim é que toda literatura de peso nasce do fluxo do peso das experiências vividas e da pesquisa; de muita pesquisa. por isso é que, se o escritor quiser escrever uma obra que vença o tempo e a mediocridade das relações humanas, precisa dedicar a maior parte do seu tempo em empreendê-la. não a vai conseguir a menos que enfrente toda e qualquer dificuldade. Como a economia da vida, exige perdas para proporcionar ganhos. diferente da economia de mercado que só pensa e só quer o lucro, o lucro fácil. alguns destes princípios a UBE – Petrolina aprendeu com a literatura de Américo. “trânsito sisudo? onde já se viu? não existe!”. assim ele reagiu a uma expressão de um conto presente na Antologia Prosadores em Rebuliço. era viagem demais para ele, nascido e criado dentro de uma concepção austera de linguagem. mas que sorte sua e deles, vindo de Recife em Petrolina aportou na ilha dos poetas : Sebo Reboliço . muitos vezes se passou por chato e exagerado. às vezes de fato o era. porém ,sem se dar conta, muito lhes ensinou com sua rigorosidade ao escrever, ao conceber esse ato. e hoje eles sabem, que ainda poderão aprender um pouco mais com sua memória literária,os livros que escreveu, que a UBE-Petrolina luta e lutará para manter sempre viva conservando o acervo literário de sua autoria. pois sabe o quanto ele amava o que escrevia. que ele só poderá ser conhecido pelas futuras gerações de poetas, escritores e apreciadores da literatura do Sertão do São Francisco, através do que escreveu. já que sua literatura espelha o homem que foi. lá se encontra, em entrelinhas e linhas, sumo precioso de sua vida, que pode ser degustado na construção realisticamente esperançosa do livro Queno Curumim, onde mostra o quanto dentro do homem sistemático e cético, existia a criança que se libertava correndo pela floresta e subindo em árvores para restaurar ninhos de pássaros. nas denúncias feitas em dois registros históricos, um romanceado e outro com jeito de livro reportagem, Canudos a maldição dos excluídos e Pau de colher, que expressam a rigor, a sede de justa social que campeava em sua maneira de ser, no estilo supracitado.


Uberdan Alves de Oliveira
Coordenador Geral e Executivo da FLIJBA
Presidente da UBE Petrolina
(74) 8829 2174
www.uberdanpoeta.blogspot.com

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